quinta-feira, 25 de julho de 2013

Girassóis de Gogh



Escrevo-te daqui deste meu canto e na verdade, como sempre, nem sei bem porque te escrevo. Talvez porque se incendeia a ponta dos meus dedos e preciso de água: e as palavras ficam água quando tuas.
Escrevo-te porque é bom falar-te dessa cor de infância que trazes marcada na íris dos teus olhos, e das tonalidades de Gauguin onde se ondula o teu cabelo. Falar-te da súplica dos teus dedos, que entre silêncios e carícias me pedem que (te) afaste a solidão. Falar-te da tonalidade de terra que és tu inteiro, como se o Outono só acontecesse na véspera do primeiro dia de Primavera.

Afinal não tenho nenhuma razão importante para te escrever, mas alivia-me a saudade e atrapalha-me menos o curso normal da voz, e das banalidades dos meus dias.

E agora vou-me embora porque sei que fiquei mais perto do teu olhar, desse olhar-janela que me percorre a pele e o tempo, e me aspira mágoas e tristezas como se aspirasse um a um todos os girassóis secos numa pintura de Gogh.

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