sexta-feira, 19 de julho de 2013

1996


Amanhã podia ir ter contigo…. na verdade queria muito ir ter contigo, subir e descer a calçada, dar de caras com o cheiro a maresia e amar o rio a quatro-olhos, amando-te talvez. Finalmente: soletrarmos o Tejo no presente do indicativo e tocar-te ao de leve para que o pretérito fosse mais que perfeito. Talvez a chuva nos tornasse líquidos, talvez.

Amanhã, tu bem sabes que amanhã podia estar aí, paredes meias com a multidão e com ninguém, mascarada de estrela, misturada em tantos rostos e corpos que não me encontrarias talvez. Na verdade pensei em estar aí amanhã, mas a maré vai estar cheia, alerta laranja, ventos e chuvas e eu pequena, perdida, medo das intempéries, a medir-te o palato e mais tarde as consequências.

Amanhã podia estar aí, bebendo-te o pólen e o mel, ouvindo Chopin e tu Jazz, mas fico aqui no meu canto ouvindo Nirvana e evitando um colapso no tempo e depois no tormento.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.