segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Procuro-te


Procuro-te em todas coisas, em todas as sombras em todas as esquinas; procuro-te em todos os vultos que me raptam a apatia e me devolvem o sorriso . Procuro-te.

O teu cheiro é o aroma de todas as Primaveras de Monet e de notas colhidas nas Índias mais longínquas do meu corpo; por isso te procuro - no desenrolar das ondas nas praias dos meus poros; por isso te procuro nas sombras chinesas projetadas pelas minhas mãos abertas.

Por vezes levanta-se um bater de asas nos meus olhos e voa-me uma pomba imaginária da janela do meu ventre: penso ter-te encontrado - mas é apenas um anjo tresmalhado ao coração.
Nunca te disse que te procuro em cada forma, em cada folha, em cada despertar, nunca te disse que és bater de asas e pomba e flor, que és grito de ave ferida na madrugada fria, chuva no porão; nunca te disse que és sabor de chocolate e menta no café das minhas manhãs frias e seda pura a deslizar na curva mais escondida do meu corpo ardente; que és seda. Pura. Seda pura a arder na fogueira dos sentidos. Nunca te disse que és todas as coisas, todas as paisagens, todos os toques, todos os sabores, todos os dias, todas as horas. Todos os meus dias, todas estas horas. Porque tudo és tu. És tu .Tudo. Todas as coisas. Não há coisas, há apenas o tu em todas as coisas.
Procuro-te sempre e para sempre nas bainhas da memória, nas bermas lamacentas do passado, nas veredas floridas do presente. Procuro-te no abrir de cada presente. No desenrolar de cada laço. Desembrulho-te, prenda.
Procuro-te em todas as coisas.
É a ti que procuro nos espaços entre notas - das pautas musicais das valsas das insónias; nos sustenidos e bemóis dos cantos das cigarras, nos truques de magia decifrados e nas frestas de luz dos eclipses lunares da minha rua.

É a ti que procuro. Na memória de todas as coisas em que tocas.

domingo, 10 de novembro de 2013

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Roma





Anda,

podes vir assim como estás, esquece as malas e a roupa

eu visto-te com beijos e abraços


Anda



vamos dar um beijo a Roma!


estou á espera.

Basta-me pouco



Bastava-me um chá a uma temperatura qualquer, com sabor a maçã e canela e os dedos entrelaçados, lambuzados do doce de ovo dos croissants quentes, acabados de fazer.

Bastava-me, há dias que me bastava.

Não sei se sabes, mas choro quando não sorris. Não sei se sabes, mas sinto-me só quando voas para longe.

Não sei se sabes, mas torno-me cega quando deixas de cravar amor no castanho dos meus olhos, como sempre o fazes, fazendo-me sentir a mulher mais amada das poesias de Al berto.


Não sei sabes que por vezes me basta um chá - a uma temperatura qualquer, desde que não desvies de mim o teu olhar.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Dois corpos



Havia uma latitude azul onde sempre acontecia o amor. Faltava apenas a nudez dos corpos para que o ciclo se completasse na imensidão serena do inteiro significado do amor a dois. A dois corpos. Nus. Como hoje, nessa latitude azul.