Trazias o olhar apagado e a barba por fazer mas ainda assim rompeste
a minha noite e soltaste estrelas sobre os meus cabelos. E acredita, ninguém espalha
estrelas como tu sobre os meus cabelos. Tens esse dom de acender as noites, mesmo
quando o teu olhar está apagado.
quarta-feira, 26 de março de 2014
quinta-feira, 20 de março de 2014
Onde vais?
Perguntaram-me: onde vais?
E não sei onde vou, só sei que tu me prendes.
Geraldo Bessa Victor (poeta angolano)
in As raízes do nosso amor
E não sei onde vou, só sei que tu me prendes.
Geraldo Bessa Victor (poeta angolano)
in As raízes do nosso amor
terça-feira, 18 de março de 2014
Aragem
Há uma janela aberta nesta casa, mas não a vejo. Queria fechá-la, para não entrar mais vento.
Queria fechá-la, a janela, mas não a vejo, e a aragem, fina e fria, entra-me pela vida devagar e deixa-me imóvel como estátua.
Queria fechar a janela, mas não a vejo.
Ainda ontem
Fecho os olhos e procuro-te nesse
mundo dos sentidos que fica sob as nossas pálpebras. Percorro esquinas e ruelas
por dentro de mim, sempre a passo lento e largo, palmilhando esta cidade
subterrânea, encantada de nós. Ainda ontem te conseguia encontrar por aqui,
numa dança de toques furtivos e tremores de pele; ainda ontem fazias nascer
flores nas bermas dos meus olhos, fazendo sorrir a própria Primavera. Fecho os
olhos e procuro-te no meu mundo, sabendo que só aqui te encontrarei, e no
entanto numa alquimia que só mágicos como nós percebem, sei afinal que é neste
mundo que jamais te encontrarei. És sazonal e livre como os malmequeres do
campo e deixas cair o brilho das manhãs quando te (a)colhem. Fecho-te no meu
mundo e procuro-te de olhos fechados, sabendo que mesmo assim, aqui, jamais te
encontrarei.
Subscrever:
Mensagens (Atom)