terça-feira, 30 de julho de 2013
segunda-feira, 29 de julho de 2013
Tapa-me os olhos
Dou-te o meu corpo inteiro
Para que nele escrevas
tapa-me os olhos, deixa-me dormir
fica com ele para a tua escrita
escreve
histórias simples
de chegadas, partidas
abre o meu palácio, fecha o teu castelo
fabuliza os desfechos que almejámos
metáforas únicas, perfeitas
colhidas de fresco na polpa dos teus dedos
na água dos teus olhos
transforma-te
transmuta-te
escreve no meu corpo inteiro
sem tinta, sem tinteiro
escreve, escreve-me
escreve o que quiseres,
tatua com os teus poemas
o meu corpo inteiro
Para que nele escrevas
tapa-me os olhos, deixa-me dormir
fica com ele para a tua escrita
escreve
histórias simples
de chegadas, partidas
abre o meu palácio, fecha o teu castelo
fabuliza os desfechos que almejámos
metáforas únicas, perfeitas
colhidas de fresco na polpa dos teus dedos
na água dos teus olhos
transforma-te
transmuta-te
escreve no meu corpo inteiro
sem tinta, sem tinteiro
escreve, escreve-me
escreve o que quiseres,
tatua com os teus poemas
o meu corpo inteiro
Êxtase do silêncio
Sento-me no meio de um caminho qualquer porque é urgente escrever: sobre este sentir, esta luz que me atravessa , me despe de silêncios; que acaba assim, simplesmente, com os meus eternos medos. Luz, força, borbulhar electrizante na minha pele. Copo cheio na minha alma. Casa desabitada mas tão cheia, no meu coração.
Sento-me, escrevo e assim, só, com as palavras - neste súbito devaneio, nesta pública intimidade, faço descer este sentir até à parte mais profunda de mim e encontro-me-nos, na felicidade absoluta deste mínimo instante.
sexta-feira, 26 de julho de 2013
quinta-feira, 25 de julho de 2013
Ficções
Chave
na ignição, pára-brisas em marcha, o ronco barulhento do carro. O telefone que
toca, perguntam se é para adiar e respondo que não, que à terceira é de vez.
Chego
ao destino, entro, primeiro degrau e ali estás, encostado à parede branca, a
contrastar com o preto do fato. Pareces-me uma imitação barata do “Omar Sharif”
na versão jovem. A escrivã faz a chamada, enquanto avanço sem medos, entro na
sala, segues-me e dou-te a palavra. Sentas-te no banco dos réus, lanço-te um
olhar e ergues-te, ficas hirto, olhos no chão à procura da “deixa”,
vacilas e engasgas-te. Poupo-te o esforço e peço-te o B.I.. Dizes que não, que
não trouxeste, esfarrapas desculpas em gaguejos nervosos. Declamas os
antecedentes criminais - mas mentes, e reparo que no processo declaraste uma
morada falsa. A toga (ou a beca)?desliza-me dos ombros sob a força do teu olhar
e eu apanho-a a meio da descida, ajusto-a e puxo-a, componho-me, controlo os
sentidos e dou 3 pancadas na mesa. Silêncio, não pode haver desconcentração,
sob pena de se esquecerem os factos que aqui nos trouxeram. Quero recuar e
tento descobrir mil formas de sair daqui, mas só me lembro da escusa, conflito
de interesses, parcialidade, suspeição e fico com medo de mim, desta vontade
quase violenta de te condenar sem dó, de não te admitir recurso de apelo ou
agravo, de não saber burilar os contornos à pena relativamente indeterminada,
nem aos mínimos nem aos máximos, de ignorar atenuantes ou rebordos irisados da
média ponderada. É matéria assente que não vou substituir a pena por medida de
correcção ou coacção, multa, trabalho comunitário, limpeza de ruas, de jardins,
de sarjetas ou de infantários, a não ser que me entendas criança de colo a
gritar por ti, e aí sujeitar-te-ei a termo de identidade e residência - na
minha casa, com a admoestação de nunca mais saíres. Sou juiz em causa própria,
advogada do diabo, cúmplice sob coacção, testemunha comprada e queixosa
arrependida. Pedes absolvição de joelhos, alegas que és primário, bem
comportado, relembras as provas testemunhais, dizes que estás socialmente
integrado e pedes-me com arrogância, a base legal. Dedilhas-te, como outrora a
mim, e alegas que não sabias, que não está escrito, que são coisas do coração, que
te redimes. Mas eu, como manda a lei e a consciência, violando o consentimento
do lesado coração, e com o devido respeito e vénia a todos os presentes, inibo-te
do poder de argumentar!
Relembro
aos jurados que agiste livremente, em consciência e no uso pleno de todas as
tuas faculdades, chamo á colacção a agravante do teu QI acima da média e
termino invocando o dolo mais que directo, apontado aos cantos mais recônditos
de mim!
Reparo
que me olhas de soslaio e depois para trás, fixas o olhar na porta aberta, a
audiência é pública. Detenho-te a intenção de fuga e alerto a autoridade - absorta
provavelmente em pensamentos sobre a última jornada futebolística. Desta vez
não vais escapar-me entre os dedos!
Quero-te
mesmo a pão e água, quero que sintas a angústia que está no tilintar das chaves,
que te arrastes em insónias pela solitária (onde relembrarás outras noites). E
acredita, que nem que hoje seja dia das bruxas ou primeiro de Abril, cumprirás esta
pena, que é a máxima, e que durará até ao fim dos teus dias, partindo pedra,
bordando Arraiolos e montando carris, a que acresce a pena acessória de te
manteres a milhas de mim para o resto da vida. Finalmente condeno-te nas
custas, acrescidas do muito que me tens custado a mim.
Girassóis de Gogh
Escrevo-te daqui deste meu canto e na verdade, como sempre, nem sei bem porque te escrevo. Talvez porque se incendeia a ponta dos meus dedos e preciso de água: e as palavras ficam água quando tuas.
Escrevo-te porque é bom falar-te dessa cor de infância que trazes marcada na íris dos teus olhos, e das tonalidades de Gauguin onde se ondula o teu cabelo. Falar-te da súplica dos teus dedos, que entre silêncios e carícias me pedem que (te) afaste a solidão. Falar-te da tonalidade de terra que és tu inteiro, como se o Outono só acontecesse na véspera do primeiro dia de Primavera.
Afinal não tenho nenhuma razão importante para te escrever, mas alivia-me a saudade e atrapalha-me menos o curso normal da voz, e das banalidades dos meus dias.
E agora vou-me embora porque sei que fiquei mais perto do teu olhar, desse olhar-janela que me percorre a pele e o tempo, e me aspira mágoas e tristezas como se aspirasse um a um todos os girassóis secos numa pintura de Gogh.
terça-feira, 23 de julho de 2013
segunda-feira, 22 de julho de 2013
Quantidade que não se quantifica
Há algo( in)quantificável entre nós
uma quantidade que não se quantifica
é essa quantidade - essa que não se quantifica
que há entre nós
(In) Dependencia
A independencia é boa, algo que sempre prezei.
A dependencia pode ser boa. Estou a aprender.
sábado, 20 de julho de 2013
sexta-feira, 19 de julho de 2013
1996
Amanhã
podia ir ter contigo…. na verdade queria muito ir ter contigo, subir e descer a
calçada, dar de caras com o cheiro a maresia e amar o rio a quatro-olhos,
amando-te talvez. Finalmente: soletrarmos o Tejo no presente do indicativo e
tocar-te ao de leve para que o pretérito fosse mais que perfeito. Talvez a
chuva nos tornasse líquidos, talvez.
Amanhã,
tu bem sabes que amanhã podia estar aí, paredes meias com a multidão e com
ninguém, mascarada de estrela, misturada em tantos rostos e corpos que não me
encontrarias talvez. Na verdade pensei em estar aí amanhã, mas a maré vai estar
cheia, alerta laranja, ventos e chuvas e eu pequena, perdida, medo das
intempéries, a medir-te o palato e mais tarde as consequências.
Amanhã
podia estar aí, bebendo-te o pólen e o mel, ouvindo Chopin e tu Jazz, mas fico
aqui no meu canto ouvindo Nirvana e evitando um colapso no tempo e depois no
tormento.
Lugares Diferentes
Podemos fazer juntos todos os caminhos, mesmo que os nossos destinos sejam lugares diferentes. Podemos.
quinta-feira, 18 de julho de 2013
Fogo e Água
Existe uma dualidade de elementos
Na ponta dos teus dedos
Fogo e água
existe uma dualidade
de arrepios
na minha pele
Frio e sede
quarta-feira, 17 de julho de 2013
terça-feira, 16 de julho de 2013
Espaço
Este é o meu canteiro de trevos – de quatro folhas, a que cheguei
depois de muito tactear no escuro. Este é o meu mundo.
Por isso, não te falarei dos mundos que não são o nosso mundo, nem te
falarei dos poemas que não sejam versos meus. Ou nossos.
Não te falarei de outras bocas, outros beijos. Não te falarei de outras
palavras, de outros cheiros – não te falarei do que não sei, mesmo que saiba.
Quero ressuscitar arrepios nas nossas mãos molhadas - multiplicando o
tempo, quero que haja apenas o pequeno
vale dos meus seios - campo de feno na tua boca fresca de tão quente; depois,
na partida, deixa-me preso o teu olhar no meu olhar e leva nos teus dedos a
brisa velutina que a tarde deixar nos meus cabelos.
Tudo o mais são conchas de outras praias. São jogos de palavras de
outras galáxias lexicais.
Só aqui, nesta dimensão, se sobe ao nível de um amor inesperado, só
aqui, dentro de mim, existe um sentir profuso, difuso e repentinamente
inusitado, uma forma de vida única, sem tempo para espaço e sem disfarce.
Espaço.
Não há espaço entre nós, no retrato que aperto entre os meus sonhos.
sexta-feira, 12 de julho de 2013
Soma=12
Era como se á minha frente tivesse um
qualquer vulcão em erupção, ladeado por um enorme arvoredo fresco – havia depois
a linha do horizonte em forma de parede branca.
Abriu-me os braços. Fechei os olhos.
Senti o irresistível apelo da pele. Inebriada. Caminhei pela floresta fresca
ladeando a lava. Imbui-me de aromas, cores e sentidos e desviei os olhos: não
quis saber das formas. As vestes iam ficando espalhadas, para trás, num plano
inclinado, talvez outro plano.
Depois senti-me nua. E foi este o
primeiro dia em que finalmente me senti nua. Notava-se isso no meu enorme
sorriso, inteiro, desta vez inteiro, que me adornou o rosto por todas as horas
de sol escaldante.
Depois foi só tomar o caminho do mar e
da espuma. E morrer cinco vezes, sabendo que só sete vidas tinha. E depois foi
nascer.
Ah, sabes que eu sei que um dia ainda
hei-de morrer sete vezes contigo. E renascer outras tantas, num ciclo
infindável de amor, sede, amor, sede.
Já é Verão
Faço do teu nome
Uma chave secreta
Que me abre o peito
Em plena madrugada
e ali me escondo
contigo
no único lugar onde se cala o mundo
no único lugar onde te tenho
Escuta: mudou a estação
Já se ouvem as cigarras
Agora é Verão
Até quando ficaremos?
Não respondas: eu sei que não há lugares eternos.
quinta-feira, 11 de julho de 2013
Aqui. Sempre hoje
Todos os mares me levam ao leito
desse rio. Todas as chuvas me dizem que nunca viveremos num país deserto. Todas
as ondas da vida me elevam ao cume do teu beijo e ao supremo sabor da tua pele.
Todos os mundos se afastam para que façamos amor no limbo das fronteiras.
Todos os universos nos enviam flores – brancas- porque sabem e conhecem da
pureza ofuscante deste amor. Todas as mãos me indicam a polpa dos teus dedos,
todas as palavras me ditam o poema onde tu nasces e o texto onde tu vives. Todas
as coisas do mundo são coisas de ti. Em todos os textos que escrevo és tu que
estás, és tu que existes, és tu. Eu, escriba alojada no teu peito à mercê da
chuva de palavras que me alisam a saudade. Tudo, tudo acontece por ti, tudo te acontece
por dentro. Tudo acontece por dentro de ti. Hoje, aqui. Sempre, aqui. Aqui. Sempre hoje.
quarta-feira, 10 de julho de 2013
terça-feira, 9 de julho de 2013
Sei que o dia foi longo e que dele descansas agora, deitado, talvez nesta minha insónia feita de ausência de ti.
Envio-te a minha esperança para que te vistas dela. Dou-te o meu beijo mais terno para que te sintas abrigado. Dou-te a pureza de tudo o que sinto para que te sintas leve e invencível. Dou-me-te para que alivies a dor na incondicionalidade do meu amor: por ti.
E, querido blog, se fosses uma pessoa dar-te-ia ainda a lâmpada e o Aladino.
Hoje. Para que mudasses o amanhã e o pintasses das cores que tu quisesses.
segunda-feira, 8 de julho de 2013
Vaidade
Envaidecem-me as cores puras
de todos os teus prados, montanhas e jardins
Envaidecem-me as frondosas árvores
de sombras protectoras,
de todos os teus bosques,
envaidecem-me as águas cristalinas
de todos os teus rios.
Envaidece-me esse brilho e essa luz
que atravessa o tempo, a noite
e a geografia dos olhares
envaidece-me o cetim com que embrulhas
todas as palavras
envaidece-me o sorriso aberto
a lembrar (me) que é sempre
Primavera - em ti
Palavras de Menta
Querido,
querido
querido
querido
blog
é assim que me apetece tratar-te, depois de 2 ou 3 dias sem te, sem te escrever.
É assim: na distância das letras que te gravo, que percebo, ainda mais, o quanto me és importante. Único. Assim para sempre, como agora.
Beijo-te com a saliva fresca das palavras de menta, e sigo na manhã quente, salpicando-me de água fresca. Sigo, mas já só penso em..em voltar a escrever-te: palavras de menta.
:)
quinta-feira, 4 de julho de 2013
Não
Houve um tempo em que tinha nas
mãos uma vocação de jazigo. Houve outro tempo em que a vocação era de
partituras, de palavras quentes e brancas, alinhadas - poeta meio vestido de metáforas
e ainda assim nu, meio louco, meio alado: com o sonho de romper todas os dogmas,
e com brandura esquartejar as filosofias que em desequilíbrio deixavam o mundo
numa “ouquidão” insuportável. Todos os tempos foram volúveis nas ternuras, nos
amores e nos afectos – tanto de grego como de troiano, tanto de porto como de
cais. Tanto de pouco. Como de muito.
Houve um tempo de simplicidade. Era
a vocação do (s) verso(s).. Era dos versos, sim era dos versos. Era a vocação
da embriaguez de solidão. Era a dança nas arestas de chuva nos cabelos.
Houve um tempo que te fiz um verso
único, derradeiro e dei-to a beber: como poção mágica. Para que nos unisse, e tecesse
sobre nós sem desfiar – um manto de entendimento, para sempre.
Nesse tempo, não abriste os
olhos, não ficaste extasiado com as palavras. Não com essas. Havia outras.
Palavras.
Neste tempo é hoje- E hoje? Para
que fazes tu agora esta ode das palavras? Dizes-me Deus, única, e falas de infinito.
Ajoelhas-te e adoras as palavras – essas.
Que me dizes tu das chuvas? Repara:
Não há nós. Só laços desatados.
Às vezes sim, sei que me
escreves. Solenidade. Eloquência. Elevação de estilo.
Não. Há nós na ode das palavras.
quarta-feira, 3 de julho de 2013
terça-feira, 2 de julho de 2013
Gelatinoso não soa nada bem
Trabalhar-se num sítio em que apenas há um homem, tem coisas engraçadas: enquanto as mulheres "atacam" desefreadamente as gelatinas de 10 Calorias, o homem calmíssimo, solta a seguinte pérola: vocês a comerem tanta gelatina podem até emagrecer mas ficam de certeza bastante mais gelatinosas.
Gelo - silêncio total
Eu, por mim, nunca mais olharei para aquelas gelatinas da mesma maneira
eheheheh
segunda-feira, 1 de julho de 2013
Amo-te é a palavra
Querendo fugir ao lugar comum dos escribas parvos e piegas, tentei de tudo, neologismos, gestos, teoremas.
Mas as palavras não são como os dias. Não existe nelas uma (in) fiabilidade climatérica.
Há nelas, nas palavras, uma constância, que não deixa que o seu mais profundo significado seja reduzido ou esvaziado. Ou traduzido - por outras palavras.
Amo-te é a palavra. O tempo é este.
Como sempre. Neste sempre.
Amo-te é a palavra.
Mas as palavras não são como os dias. Não existe nelas uma (in) fiabilidade climatérica.
Há nelas, nas palavras, uma constância, que não deixa que o seu mais profundo significado seja reduzido ou esvaziado. Ou traduzido - por outras palavras.
Amo-te é a palavra. O tempo é este.
Como sempre. Neste sempre.
Amo-te é a palavra.
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