quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Perder-te é perder-me o coração



Às vezes penso que te posso perder, não porque seja eu a perder-te ou tu a deixares de querer-me, mas o  mundo. O mundo pode levar-me a perder-te.

Se te perder: nunca mais nada. Tudo ficará na mesma, mas nunca mais nada. Nunca mais olfato ou sabor e sempre tudo, sempre tudo me saberá ao mesmo. Todas as pessoas me saberão ao mesmo, todas as cartas terão o mesmo significado, todas as flores terão o mesmo aroma, todos os caminhos terão o mesmo destino. Tudo ficará na mesma, mas nunca mais - nada. O coração a bater mal como se fosse transplantado e o corpo o quisesse rejeitar.

Se te perder ficarás para sempre comigo, porque dentro de mim não há mundo e nada te arrancará de dentro, daqui. Colar-te-ei às paredes das minhas veias com a persistência com que as lavadeiras rompem a roupa para a branquearem. Nada, nunca te arrancará de mim. De dentro.

Se te perder nada mais teremos em comum, a não ser: tu próprio, tu todo e esta morte anunciada de nenhum de nós saber viver sem o teu corpo, nenhum de nós saber viver sem os teus olhos, nenhum de nós saber respirar sem o teu ar.

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