quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

A asa do meu sonho


Da tua alma vê-se a asa do meu sonho.

Parece haver uma janela no centro do meu peito por onde espreitas e me desvendas, por onde espreitas e traduzes o momento meio tímido que antecede a vontade de beijar, por onde espreitas e deslizas o pensamento até me decifrares, esteja eu onde estiver.

Estendes-me a passadeira vermelha das palavras, e eu toda ouvidos, toda sentidos, avanço mais ou menos decidida a discursar metáforas puras, de água fresca e cristalina, na nascente do teu pensamento. Estendes uma passadeira vermelha de palavras, sobre a madrugada; vou até ti e paramos à entrada da cidade desabitada e encantada de silêncios; ali ficamos de mãos dadas no portão. Ficamos ali simplesmente, horas e horas sem fim. Horas sem fim a ver crescer as heras que protegem as paredes e abrigam o desabrochar tardio das margaridas. Ficamos ali, a ver, folha a folha o desabrochar tardio das margaridas.

Da tua alma vê-se a asa do meu sonho e a outra asa anda a voar à toa sobre o cume da saudade.

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