Fecho os olhos e procuro-te nesse
mundo dos sentidos que fica sob as nossas pálpebras. Percorro esquinas e ruelas
por dentro de mim, sempre a passo lento e largo, palmilhando esta cidade
subterrânea, encantada de nós. Ainda ontem te conseguia encontrar por aqui,
numa dança de toques furtivos e tremores de pele; ainda ontem fazias nascer
flores nas bermas dos meus olhos, fazendo sorrir a própria Primavera. Fecho os
olhos e procuro-te no meu mundo, sabendo que só aqui te encontrarei, e no
entanto numa alquimia que só mágicos como nós percebem, sei afinal que é neste
mundo que jamais te encontrarei. És sazonal e livre como os malmequeres do
campo e deixas cair o brilho das manhãs quando te (a)colhem. Fecho-te no meu
mundo e procuro-te de olhos fechados, sabendo que mesmo assim, aqui, jamais te
encontrarei.
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