Há uma primavera a nascer entre
os poros e uma vertigem que me sobe na pele como elevadores entre andares.
Penso: será isto o amor – digo:
há mais: amor são também duas montanhas que sobem em direcção ao céu, tendendo a tocar-se, em cujos cumes florescem campos de
amores perfeitos exactamente iguais, mas de cores distintas. Será o meu corpo
tenso a adensar-se na sensação de toque em cada uma das pétalas dos amores
perfeitos que nascem na montanha – não na minha. Detenho-me na gradação da cor,
no gineceu, no cheiro, na forma, querendo entrar mais e mais, até que tenha
percorrido em passo certo e firme todo o adn.
Amor é quando me ditas a lonjura
entre frases carregadas de pontos de exclamação e eu te devolvo as frases
aquecidas, carregadas de metáforas. Amor é quando eu fico parada no chão e te deixo
ir, cabelos ao vento, na volúpia desmesurada de uma qualquer liberdade que te
vagueia na alma e te acende os sonhos.
Depois, é voltares á terra e as
tuas mãos nas minhas – e de um gesto que parece banal, faço o prefácio para o
percurso lento pela tua pele, e de um gesto banal sacio a ternura de uma vida,
deixando o meu corpo aportar , devagar, no teu estuário.
Amor. Jurei que nunca mais
escreveria sobre o amor.
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