Hoje fui escrever-te para longe,
para um lugar onde não há nada de especial, a não ser o respirar que lá
deixámos, tu e eu. Acho que mais abaixo há o rio e assim que me viu por lá - o
céu deixou cair a chuva, para meu espanto. De repente aos meus olhos tudo foi
ouro e cristal e acolhi a tempestade de uma via láctea que atravessara ainda há
pouco a minha cama. Será o Solstício de Inverno? Que me importa isso, se aqui
dentro nada neva, nem gela, nem humedece.
Senti-te o frio agreste da
ausência, mas ignorei, porque nada é maior que o sabor inventado da tua pele
sobre a minha. Solto o meu cabelo nas brisas frescas de Junho e assusto as
sombras polutas dos meus olhos – sinto um nardo de flores a crescer no prado
dos meus dedos e toco-te a sombra sobre a minha.
Sinto-te ao meu lado e pinto o
céu, rejeitando a gradação de chumbo. Sigo em direcção ao dia, que fica ali
ainda longe, quase na outra margem. Beijo-te sem infringir quaisquer regras de
pudor e trago-te no coração, onde ficarás no sempre do meu dia.
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