Houve um tempo em que tinha nas
mãos uma vocação de jazigo. Houve outro tempo em que a vocação era de
partituras, de palavras quentes e brancas, alinhadas - poeta meio vestido de metáforas
e ainda assim nu, meio louco, meio alado: com o sonho de romper todas os dogmas,
e com brandura esquartejar as filosofias que em desequilíbrio deixavam o mundo
numa “ouquidão” insuportável. Todos os tempos foram volúveis nas ternuras, nos
amores e nos afectos – tanto de grego como de troiano, tanto de porto como de
cais. Tanto de pouco. Como de muito.
Houve um tempo de simplicidade. Era
a vocação do (s) verso(s).. Era dos versos, sim era dos versos. Era a vocação
da embriaguez de solidão. Era a dança nas arestas de chuva nos cabelos.
Houve um tempo que te fiz um verso
único, derradeiro e dei-to a beber: como poção mágica. Para que nos unisse, e tecesse
sobre nós sem desfiar – um manto de entendimento, para sempre.
Nesse tempo, não abriste os
olhos, não ficaste extasiado com as palavras. Não com essas. Havia outras.
Palavras.
Neste tempo é hoje- E hoje? Para
que fazes tu agora esta ode das palavras? Dizes-me Deus, única, e falas de infinito.
Ajoelhas-te e adoras as palavras – essas.
Que me dizes tu das chuvas? Repara:
Não há nós. Só laços desatados.
Às vezes sim, sei que me
escreves. Solenidade. Eloquência. Elevação de estilo.
Não. Há nós na ode das palavras.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.