Este é o meu canteiro de trevos – de quatro folhas, a que cheguei
depois de muito tactear no escuro. Este é o meu mundo.
Por isso, não te falarei dos mundos que não são o nosso mundo, nem te
falarei dos poemas que não sejam versos meus. Ou nossos.
Não te falarei de outras bocas, outros beijos. Não te falarei de outras
palavras, de outros cheiros – não te falarei do que não sei, mesmo que saiba.
Quero ressuscitar arrepios nas nossas mãos molhadas - multiplicando o
tempo, quero que haja apenas o pequeno
vale dos meus seios - campo de feno na tua boca fresca de tão quente; depois,
na partida, deixa-me preso o teu olhar no meu olhar e leva nos teus dedos a
brisa velutina que a tarde deixar nos meus cabelos.
Tudo o mais são conchas de outras praias. São jogos de palavras de
outras galáxias lexicais.
Só aqui, nesta dimensão, se sobe ao nível de um amor inesperado, só
aqui, dentro de mim, existe um sentir profuso, difuso e repentinamente
inusitado, uma forma de vida única, sem tempo para espaço e sem disfarce.
Espaço.
Não há espaço entre nós, no retrato que aperto entre os meus sonhos.
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