Subo e desço escadas, palmilho ruas, cruzo-me com olhares anónimos e detenho-me em repartições de aspecto antigo. Olho de relance os imensos livros de registos e tomos gigantes - de tudo e de nada. Imagino-os repletos de rabiscos e anotações ilegíveis, esborratados pela humidade e pelo atropelo do passar dos dias iguais.
Que idade terão? Que importa isso?
Apetece-me escrever naquelas lombadas títulos de capítulos desta história.
Desta história de ti e de mim.
Lombadas brancas, escritas a preto, em caligrafia inglesa e rebuscada, como se fosse PESSOA a "poemar" a letra.
Se o fizesse, a partir de hoje, nessa repartição, os olhares cinzentos das pessoas que desesperam, passariam a sorrisos francos e simples de pessoas que apenas esperam. E anseiam ser felizes. Como nós, contados nas lombadas.
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