Ah de onde a conheço? De lá das últimas filas da minha infância…
Brincava sempre na rua, numa rua com dois extremos, um que levava à vila e o outro que levava à grande cidade. Brincava com uma bola, uma bola que lhe girava por entre as mãos como se fosse o mundo – estava ali à mão, mesmo dentro da bola, o mundo inteiro – Roma, Bora-Bora, Lisboa e as praias, todas as praias do mundo.
De vez em quando, da bola caíam árvores gigantes, que lançavam raízes ali mesmo na calçada… enormes mimosas e buganvílias com densas sombras. Era nessas sombras que nos sentávamos olhando juntas o rodar do sol e as ondas do trigo maduro.
O mundo acontecia ali naquela rua, na palma das nossas mãos.
Ah hoje passei lá na rua! Vi-a a correr no sonho.
Disse-me: se tivesses ficado aqui a cinzelar a vida ao invés de partires, ela, a vida, jamais te teria caído das mãos.
Ela sorriu, eu chorei.
OS
Muito intenso!!
ResponderEliminar(Revi-me aqui)
Beijo
Sónia