segunda-feira, 3 de junho de 2013

Amor - por sugestão de tema


Há uma primavera a nascer entre os poros e uma vertigem que me sobe na pele como elevadores entre andares.

Penso: será isto o amor – digo: há mais:  amor são também duas montanhas que sobem em direcção ao céu, tendendo a tocar-se,  em cujos cumes florescem campos de amores perfeitos exactamente iguais, mas de cores distintas. Será o meu corpo tenso a adensar-se na sensação de toque em cada uma das pétalas dos amores perfeitos que nascem na montanha – não na minha. Detenho-me na gradação da cor, no gineceu, no cheiro, na forma, querendo entrar mais e mais, até que tenha percorrido em passo certo e firme todo o adn.

Amor é quando me ditas a lonjura entre frases carregadas de pontos de exclamação e eu te devolvo as frases aquecidas, carregadas de metáforas. Amor é quando eu fico parada no chão e te deixo ir, cabelos ao vento, na volúpia desmesurada de uma qualquer liberdade que te vagueia na alma e te acende os sonhos.

Depois, é voltares á terra e as tuas mãos nas minhas – e de um gesto que parece banal, faço o prefácio para o percurso lento pela tua pele, e de um gesto banal sacio a ternura de uma vida, deixando o meu corpo aportar , devagar, no teu estuário.

 

Amor. Jurei que nunca mais escreveria sobre o amor.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.