quarta-feira, 12 de junho de 2013

A norte da cidade


Hoje fui escrever-te para longe, para um lugar onde não há nada de especial, a não ser o respirar que lá deixámos, tu e eu. Acho que mais abaixo há o rio e assim que me viu por lá - o céu deixou cair a chuva, para meu espanto. De repente aos meus olhos tudo foi ouro e cristal e acolhi a tempestade de uma via láctea que atravessara ainda há pouco a minha cama. Será o Solstício de Inverno? Que me importa isso, se aqui dentro nada neva, nem gela, nem humedece.

Senti-te o frio agreste da ausência, mas ignorei, porque nada é maior que o sabor inventado da tua pele sobre a minha. Solto o meu cabelo nas brisas frescas de Junho e assusto as sombras polutas dos meus olhos – sinto um nardo de flores a crescer no prado dos meus dedos e toco-te a sombra sobre a minha.


Sinto-te ao meu lado e pinto o céu, rejeitando a gradação de chumbo. Sigo em direcção ao dia, que fica ali ainda longe, quase na outra margem. Beijo-te sem infringir quaisquer regras de pudor e trago-te no coração, onde ficarás no sempre do meu dia.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.