sexta-feira, 31 de maio de 2013

Não estás, eu sei que não estás


Não estás, eu sei que não estás.

Não estás e sei que por aqui, nunca estarás.

Mas sinto-te - aqui debruçado, a subtraíres-me de mim própria, colherada atrás de colherada, com o entusiasmo que se subtrai volume à última taça de mousse de chocolate.
Sinto-te a rondares-me o cheiro do cabelo e vais recitando baixinho, mel, leite, limão, canela, jojoba. Nunca saberás que meu cabelo cheira a muito mais do que essa mistura, cheira a uma mistura que tu nunca vais poder decifrar. Cheira a mim, indecifrável para ti.
Sinto-te a medires-me a distância tão curta de vai do queixo ao beijo, que vai da mão à carícia. Sinto-te mágico, alquimista das palavras a leres nos meus lábios as palavras que nunca direi. Sinto-te por fim a perscrutares-me o pensamento sombrio e eu “guru espiritual em meditação” sem nada pensar, pensamento vazio.

Sinto-te , mas tu não estás.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.