quarta-feira, 22 de agosto de 2012

CENTRO DO MUNDO NA MINHA RUA

Ah de onde a conheço? De lá das últimas filas da minha infância…
Brincava sempre na rua, numa rua com dois extremos, um que levava à vila e o outro que levava à grande cidade. Brincava com uma bola, uma bola que lhe girava por entre as mãos como se fosse o mundo – estava ali à mão, mesmo dentro da bola, o mundo inteiro – Roma, Bora-Bora, Lisboa e as praias, todas as praias do mundo.

De vez em quando, da bola caíam árvores gigantes, que lançavam raízes ali mesmo na calçada… enormes mimosas e buganvílias com densas sombras. Era nessas sombras que nos sentávamos olhando juntas o rodar do sol e as ondas do trigo maduro.

O mundo acontecia ali naquela rua, na palma das nossas mãos.

Ah hoje passei lá na rua! Vi-a a correr no sonho.

Disse-me: se tivesses ficado aqui a cinzelar a vida ao invés de partires, ela, a vida, jamais te teria caído das mãos.

Ela sorriu, eu chorei.

OS

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